quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Reinício


O mundo está a acabar no calor. As calotas polares não resistirão muito tempo. Esse lixo infernal que não pára de aumentar. A poluição e tudo o mais que já estamos calvos de saber. Merda de humanidade. Cá estamos feito gafanhotos. Gafanhotos, isso sim. Corja imprestável que só serve pra defecar no planeta. E ainda nos dizemos imagem e semelhança de uma entidade superior que teria criado isso tudo por aqui. Ora, tal entidade teria que ser muito distraída para, após fazer as maravilhas que fez em cinco dias, cagar na retranca, criando essa especiezinha ordinária, da qual faz parte este que vos escreve.

Fico a imaginar – e aí está minha diagnose, imaginar demais – o Criador de todas estas outras belas coisas, após ver que tudo era bom, fazer titicas como nós. Imagine a terra zero km dando sua primeira pirueta em torno do sol, e a sexta em torno de seu próprio eixo. Aquele que a tudo criou, pega um bocadinho de barro, assopra e pronto. A bosta está feita. Sem contar que depois deu a este primeiro exemplar uma esposa, permitindo-o se replicar. Grande vacilo do grande cara.

Agora imaginemos que Ele tivesse outra coisa pra fazer. De repente mudasse de idéia no exato momento de dar-nos a baforada vital nariz adentro. Sendo onisciente, que é a qualidade que Lhe atribuem de saber de tudo, até o que ainda não foi, teria Ele um vislumbre da grande praga que seria a humanidade. Aos rodopios, feito uma bailarina louca, estaria o nosso querido planeta livre de nossa nefasta presença. Inteirinho da silva até hoje, com toda a sua face imaculada.

Mas não, que brincadeira sem graça essa de tudo correr as mil. Que coisa mais chata a anjaiada coçando as asas, sem nada pra fazer, sem a quem cuidar. E tem outra, os animais felizes estavam nem aí para o Criador. No jardim, passeava Ele, resplandescente, e ninguém Lhe dava bola. Daí criou-nos para, segundo preconizam por aí, adorá-Lo. Baita bobeira. Antes deixasse como estava. Inventasse a rede então, seria mais útil. Ficaria sesteando de boa sob a árvore da vida, balançando-se de lá pra cá, de cá pra lá. Uma maçãzinha de vez em quando, pra adoçar o bico. Daquela que não era pra ser comida.

Porém, quem sou eu pra questioná-lo? Como poderia, da infinitude de minha ignorância, perscrutar a mente Dele? Onde eu estava quando fez a terra e fincou o pilares do céu? Eu não sei, mas se estivesse lá, no dia seis, e o encontrasse com seu bonequinho de barro, prestes a sobrar-lhe as ventas, eu O impediria. Não deixaria criar essa arma ambulante de destruição que aí está. Assim, jamais estaríamos aqui, mas o planeta estaria a salvo.

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