segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Xis

Folheando o livro didático de minha filha pude observar a letra xis quando manuscrita em maiúscula. Da base da linha subimos a ponta da esferográfica em forma de meia lua, descendo novamente, e de novo subindo, em outra meia lua, espelho da primeira e temos um xis. Duas meias luas que se tocam. Achei legal nem sei porquê. Isso foi a umas duas horas e de lá pra cá tenho pensado no xis. Tenho pensado em sua polivalência. Um camaleão esse xis.

Por exemplo de sua versatilidade, vejamos os nossos amigos cientistas. Quando descobrem uma nova substância, a qual ainda não tiveram tempo de dar um nome definitivo, do que a chamam? Eis que descobriram a substância xis. Pra que serve tal substância? Ora, ainda não sabemos, mas provavelmente terá xis utilidades.

Sim senhores, temos aí mais uma das ocupações do nosso amigo xis: quando não sabemos quantificar alguma coisa, dizemos que tal coisa tem xis unidades. Não pude deixar de lembrar das equações polinominais onde nos pedem, na maioria das vezes, que descubramos o valor de xis. Lembro-me de um infeliz episódio onde a nobre professora substituiu o xis por outra letra qualquer. Surpresa por receber as questões em branco de determinado aluno, deste ouviu, estupefata, a justificativa de que o jovem só sabia resolver equações com xis. Não sabia equacionar com outra letra.

Agora temos uma avalanche de filmes inspirados em quadrinhos de super heróis. E umas das franquias de maior sucesso é a dos X-men. Olha aí o nosso amigo xis! Wolverine, um dos mutantes a alcançar mais prestígio entre os cinéfilos, é chamado de Arma X. Arma xis. O professor que tenta encaminhar os mutantes é o professor X. Pensa que chato seria se a arma fosse a Arma B, ou P. Como o xis lhe ficou bem, não é?

Falei logo lá no começo da sinuosidade da letra xis manuscrita, e logo ali em cima, dei-me conta da impetuosidade desta em caixa alta. X. Duas linhas diagonais que surgem da base de um quadrilátero imaginário e se cruzam de forma que todas as hastes a partir da interseção de tais linhas tenham o mesmo tamanho. Ufa!

Na hora da foto, lá está o xis, que todos pronunciam para o sorriso ficar bonito. Experimente dizer um A na hora da foto, ou um O. Não dá, tem que ser o xis.

Metido que só ele, sempre está no xis da questão. É o ponto crucial, é o nó que desatará todos os nós, é o xis. Resolvido este, o resto é fichinha. Colocado entre dois números, os faz multiplicarem-se um pelo outro, tanto faz a ordem em que isso ocorra. AxB. A vezes B. Entre dois lutadores, transforma-os imediatamente em adversários. AxB. A versus B. 

Em se tratando de cartografia, lá está ele, indicando o lugar do tesouro. Porque não o fazem com um D ou um U, sei lá? Não, tem que ser ele, o xis.

Quanto a mim, dos textos que escrevo, vou marcando com um xis os que já publiquei aqui no blog. Ao fazer compras também uso e abuso do xis; ao marcar os bingos da vida por aí, idem.





E nos contratos? Sempre tem alguém que faz um xis onde é para a gente assinar. Tem gente que já imprime o contrato com o xizinho lá, estrategicamente localizado. Por favor, estou te mandando uns papéis. Assine onde estiver um xis.


Ah, lembrei-me de um cabra que ficava ofendido quando faziam um xis onde ele tivesse que assinar. Achava que era um insulto a sua capacidade de discernimento. Então, sempre que era preciso mandar-lhe algum papel para que assinasse, eu fazia um xis em negrito, sublinhado, itálico... e em vermelho.