quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal!

Então é natal, e o que você fez? Creio que o mesmo que todos os anos: família, amigos, trabalho, estudo, mais família, mais amigos, mais trabalho, mais estudo. Provavelmente aquele grande plano que você tinha para esse ano ficou para o que vem. Aquelas atitudes que sempre prometemos para depois do ano novo vai ficar para o próximo, mais uma vez. E assim vamos empurrando.

O natal é uma das datas mais intrigantes porque é, na verdade, uma colagem de várias tradições. Um sincretismo de cristianismo e tradições pagãs. Uma montagem que subsiste com o apoio incondicional do consumismo. E há de ir longe.

A data, vinte e cinco, é o nascimento do filho de deus. Assim mesmo, com letra minúscula, porque esse filho do qual falo não é o que veio a se tornar o Cristo. A festa do Natal Cristão surgiu por paralelismo com as solenidades pagãs de Mitra, cujo nascimento era comemorado no dia 25 de dezembro. Essa data marca o início do solstício de inverno do hemisfério norte, que é o solstício de verão, no hemisfério sul. Na Bíblia mesmo, não existe nenhuma referência a dia, mês ou ano no que se refere ao nascimento de Jesus, o Cristo.

Assim, o nosso Natal é a recepção pelo cristianismo de uma data pagã, a do nascimento do filho do deus Aura-Mazda.  Quando o império Romano adotou o Cristianismo como religião oficial, precisavam preencher as lacunas dessa religião e dar uma peneirada nos evangelhos, que eram para mais de cem. Preferiram completar a história do Cristo com algumas pitadas de paganismo. Até que não ficou de todo ruim. Mas e o bom velhinho?

Esse senhor bonachão de barbas brancas se tornou popular em uma propaganda da Coca-cola em 1931, mas a figura obesa e barbuda de roupas vermellhas aveludadas é de criação de um cartunista chamado Thomas Nast, que a publicou pela primeira vez em 1886 na revista Harper’s Weeklys. Antes disso, era representado pela figura de um bispo, em referência a São Nicolau. E a roupa era verde.

Hoje, a maioria de nós, imbuídos nesse sentimento, nos atiramos às compras e torramos nosso precioso décimo. Que beleza o Natal, essa colcha de retalhos. Do cristianismo, o sentimento de que podemos ser melhores que no resto do ano. Do paganismo, a data. De uma propaganda da coca cola, o bom velhinho. Adicione umas luzinhas coloridas e cintilantes e uma dose cavalar de consumismo desenfreado e pronto, estamos todos que é só amor ao próximo. Pelo menos no Natal.

Vez por outra um vem e diz que Natal tinha que ser todo dia. Pensa no porre. Aquelas propagandas extremamente chatas e repetitivas na tevê, no rádio, na rua. Decorações de gosto duvidoso nas casas, nas lojas. Amigo-secreto todo mês e você todo mês ganhando presente que, na maioria das vezes, odeia. Que bom que é só por esses dias essa maçada. Em janeiro estaremos todos livres de toda essa quizumba, embora estejamos presos à quitação das dívidas adquiridas na tentativa de mostrar o quanto somos bons.

Mas devo admitir que isso de festividades natalinas não é de todo mau. Reunimos a família e os amigos, nos reconciliamos e tomamos uns aperitivozinhos, para a conversa fluir melhor. Casa de bamba, sabe como é. Um churrasquinho vez ou outra não faz mal a ninguém. Enfim, para não fugir do protocolo, termino este texto desejando a todos um Feliz Natal! Assim mesmo, com letra maiúscula e ponto de exclamação.


4 comentários:

Gleise Horn disse...

Perfeito, caro amigo. Vou furtar o jeitinho Fabrício de comentar e dizer que subscrevo tudo o que vc disse. Feliz natal, hohoho!

Laurindo Fernandes disse...

Obrigado pela visita,Gleise. Feliz natal e feliz ano novo também.

Fabrício Andrade disse...

Laurindo, que lição maravilhosa. Eu não sabia dessa origem pagã da data 25/12. No mais, concordo com tudo o que disse. E disse bem, com o seu peculiar talento. Mais uma vez aprendi com você. Tenha uma maravilhoso ano novo.

Laurindo Fernandes disse...

Obrigado, Fabrício. Para você também um venturoso ano novo.