domingo, 10 de janeiro de 2010

Medíocre



A palavra medíocre em sua concepção original, significava o que está no meio. Nem pra mais, nem pra menos, mediano: medíocre. Creio eu que num primeiro momento não tinha essa carga pejorativa que tem agora. Medíocre hoje não é mediano: é ruim, fraco, incapaz. Não está mais na média, está lá embaixo, no fim da fila. Em nossa sociedade individualista, busca-se o algo mais. Deve-se estar um passo a frente, do meio pra frente, sempre. A média hoje não basta.


Falando em média, veio-me a cabeça o sistema de avaliação das instituições de ensino, onde é estipulada uma média que os alunos devem alcançar. A nota vai de zero a dez, e a média não é cinco: é seis; ou seja, um ponto acima do meio. O aluno é prestigiado a medida que se afasta dessa média em direção ao dez.


Ir contra a mediocridade é remar contra a maré. O comum e natural do ser humano é ser medíocre. O profissional, o pai, o filho e o espírito medíocres. Insurgimo-nos contra isso na ânsia de não nos deixar sufocar pela opacidade de nossa pequenez, rasgando esse véu que nos obstrui a visão, que é feito uma âncora, puxando-nos para baixo. Tomamos consciência de nossa insignificância e fugimos em direção ao que é reconhecido como sendo o melhor. Moldamo-nos a todo instante, sempre numa busca incessante que pode, inclusive, dar em nada.


Mas entre a árdua batalha que pode culminar numa hipotética vitória e o conforto do comodismo, vamos à luta. Todo santo dia e sempre.

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